terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Top 10- Músicas sobre trem

Resolvi reunir aqui minhas músicas preferidas sobre o meu meio de transporte preferido. Nem todas as músicas têm a temática exclusiva de trens, mas em todas o trem aparece pelo menos para dar um toque de saudade e melancolia. Quem me conhece sabe que meu gosto musical não é dos mais refinados, mas a boa notícia é que o Bonde do Tigrão, apesar de ser bonde, não aperece na lista. Turum tum tsss...

As músicas estão com o nome dos intérpretes, porque o blog é meu e buscar compositor dá trabalho.

10- O Rodo Cotidiano (Rappa e Maria Rita)

Como toda música do Rappa, fica difícil saber do que se trata a letra, mas depois que descobri gostei. A música reflete bem o que é um trem urbano no Brasil.

Sou mais um no Brasil da Central
Da minhoca de metal que corta as ruas
Da minhoca de metal
É... como um concorde apressado cheio de força
Que voa, voa mais pesado que o ar
E o avião, o avião, o avião do trabalhador


9-  Naquela Estação (Adriana Calcanhoto)


Não tenho muita paciência para a lentidão da música, mas a letra é bonita e dedicada à despedida típica da plataforma da estação.


Você entrou no trem
E eu na estação
Vendo um céu fugir
Também não dava mais
Para tentar
Lhe convencer
A não partir..






8- Seguindo no trem azul (Roupa Nova)


Apesar de não falar muito de trem, a música é bonitinha.


Toda vez que for assoviar
A cor do trem
É da cor que alguém fizer
E você sonhar




7- Trem das Onze (Adoniram Barbosa)


Certamente a música de trem mais conhecida, ainda que a referência ao trem seja pequena na letra.


Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã




6- Maria Fumaça (Kleinton e Kledir)


A música parece teatral ou mesmo infantil. Os sons fazem você se sentir dentro da maria-fumaça.

Essa Maria Fumaça
É devagar quase parada
Oh seu foguista
Bota fogo na fogueira
Que essa chaleira
Tem que tá até sexta-feira
Na estação de Pedro Osório




 5- Mala Amarela ( Zé Henrique e Gabriel) A versão original creio ser de Mocóca e Paraíso

Em lista de música sobre trem não poderia faltar música caipira. Acho esta linda. Impossível ouvir esta canção e não sentir saudade de um tempo que já se foi.

Era 4:30, passava um pouquinho
E um fosco clarinho rasgava o varjão
Era o trem noturno, que vinha apontando
E logo parando na velha estação


4-  Trem das 7 (Raul Seixas)

A princípio não ia colocar esta música, mas no meio da seleção alguém gritou "Toca Raul" e tive que colocar.

Quem vai chorar, quem vai sorrir ?
Quem vai ficar, quem vai partir ?
Pois o trem está chegando, tá chegando na estação
É o trem das sete horas, é o último do sertão, do sertão


3- Trem do Pantanal (Almir Sater) 

Ouvi esta música ao vivo num show do Renato Teixeira. A sonorização de trem que fazem na introdução da música é espetacular. 

Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
Só meu coração está batendo desigual
Ele agora sabe que o medo viaja também
Sobre todos os trilhos da terra
Rumo a Santa Cruz de La Sierra



2- Idas e Voltas (Matogrosso e Mathias) 

A música fala de uma paixão da infância que se foi. Na minha opinião, tem um dos versos mais lindos da música caipira. Matogrosso e Mathias estão entre as vozes mais bonitas do sertanejo.

Veio nos trilhos do tempo o trem do destino
E foi te levando por outros caminhos
Deixando-me aqui na estação solidão
E nessas idas e voltas da minha saudade
Perdi o endereço da felicidade
Fiquei prisioneiro da recordação
.




1-  Encontros e Despedidas (Maria Rita)

Nenhuma música soube expressar tão bem o que se passa na plataforma de uma estação de trem. O ritmo e a letra transportam diretamente para uma estação e permitem visualizar tudo o que acontece com a chegada do trem.

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar




Agora já temos 10 músicas sobre trem para participar do desafio musical do Qual é a Música! Espero que tenham gostado. Provavelmente faltou alguma boa, que terei o maior prazer em adicionar aqui. 

Como faixa bonus, aqui vai uma instrumental, de Heitor Vila Lobos.

O Trenzinho do Caipira



Acrescento aqui uma sugestão do meu amigo André Makarenko. Uma verdadeira poesia de Caetano Veloso.


E aqui, trem das cores

Sábios projetos:
Tocar na central
E o céu de um azul
Celeste celestial



Nova contribuição, agora do Dylan, amigo de infância e que me deu a dica deste samba. Essas estações de trem do Rio de Janeiro são cheias de histórias, marcaram a vida e o desenvolvimento das regiões em que foram construídas. Ai vai, Geografia Popular, de Beth Carvalho:

Vou seguindo a trajetória
Mas o trem tá muito lento
E a parada obrigatória, onde é?
No Engenho de Dentro

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O Museu Ferroviário de Assunção

Nas ruas de Assunção é possível ver que o bonde ficou na história. Como em algumas cidades do Brasil, o trilho ainda existe, mas escondido sobre camadas de asfalto. Rugosidades urbanas que teimam em mostrar que aqui, assim como em nosso país, perdemos o bonde, enquanto na Europa elas continuam a trazer e levar gente. Quando passo por essas ruas fico imaginando como seria se o bonde ainda passasse ali. Certamente haveria menos carros, maior mobilidade e mais beleza.
Encontrei no site http://www.tramz.com/py/ass.html a história completa, com fotos, do sistema de trens urbanos de Assunção. Com o mapa abaixo, pode-se ver por onde passava o bonde. Se fosse hoje em dia, deixaria o carro em casa e iria trabalhar de bonde, que passava na rua da Embaixada.
mapa retirado do site www.tramz.com/py/m.htmal
Assunção também era ponto de partida da Estrada de Ferro Presidente Carlos Antonio López, que se estendia 370 km entre a capital e Encarnación, na fronteira com a Argentina. Iniciada em 1861, a ferrovia teve seu fim em 1999.
A primeira vez que ouvi falar da ferrovia foi no cinema, em um documentário chamado Tren Paraguay. O filme é repleto daquela melancolia de estações ferroviárias abandonadas que eu adoro. Eis o trailer:


Esta semana descobri que dentro da linda estação de Assunção funciona um Museu Ferroviário. Estações de trem são sempre passeio obrigatório nas cidades para mim e infelizmente aqui demorei quase 6 meses para conhecer, mas gostei do que vi. O museu tem peças que todo apaixonado por trem gostaria de ter e a arquitetura da estação, que foi usada como hospital na Guerra do Paraguai, vale por si só a visita. Na plataforma há um vagão restaurante e um de primeira classe, que realmente impressiona pelo luxo. Há também, em destaque, uma locomotiva chamada Sapukai (grito, em guarani) que foi a primeira a percorrer os trilhos do país, em 1861.
Para quem quiser conhecer mais sobre a ferrovia vale a pena acompanhar este blog de um ciclista mexicano que tem feito o caminho entre Assunção e Encarnación de bicicleta, pela linha do trem: 
http://enbiciporlavia-py.tumblr.com/

A locomotiva Sapukai ao fundo


A estação ferroviária de Assunção

O vagão restaurante
Outra estação legal de visitar em Assunção é a do Jardim Botânico. Foi a primeira parada do trem quando saiu da estação central. De lá saía um passeio de maria fumaça que ia até a cidade turística de Areguá. Hoje o trem está parado, mas ainda inteiro na pequena estação, como se estivesse só a espera de um bravo maquinista para tocar o sino, por lenha na caldeira e seguir no trilhos.

Trem à espera de um maquinista e de novos passageiros

A estação do Jardim Botânico

Outra locomotiva da estação

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Top 10- O rugby será grande no Brasil quando:

     Não sou da velha guarda do rugby, comecei a jogar apenas em 2000, mas de lá pra cá deu para ver um crescimento muito grande do esporte no Brasil. Creio que existiam no máximo uns 30% dos times que existem hoje. Isso foi muito legal de acompanhar.
     A máxima criada pela Topper "Rugby: isso ainda vai ser grande no Brasil" virou uma febre e eu também quero dar meu pitaco. Acho que estamos num momento especial e em pouco tempo o rugby tornar-se-á mais do que grande no Brasil, mas ainda não chegamos lá

  Saberemos que o rugby tornou-se grande no Brasil quando:

1- As reportagens da TV não começarem com "um esporte diferente ganha novos adeptos em (nome da cidade);

2- As reportagens não fizerem mais referências às diferenças com o futebol americano;

3- As reportagens deixarem de focar no exotismo do esporte e começarem a passar lances e resultados das partidas;

4- As reportagens sobre rugby feminino não mostrarem que as meninas "apesar de jogarem este esporte aparentemente bruto, não deixam de lado a vaidade";

5- Seus amigos extra-campo pararem de segurar a bola de rugby por baixo, como um quarterback, na primeira vez que tentam tocá-la;

6- Seus parentes pronunciarem rugby, não rubgy;

7- O Martoni parar de explicar regras na TV;

8- A expressão "Fiji x Tonga promete ser um jogão" for tratada com naturalidade no meio extra-campo;

9- Os times brasileiros jogarem com meião e shorts uniformes;

10- Nossos bandeirinhas não forem os reservas dos times que estão jogando. 

Legal é ver que alguns desses itens já foram alcançados em alguns lugares do país. Torço todo dia para que o rugby se espalhe cada vez mais no nosso país, pois acredito que Brasil se tornará um país melhor com mais cultura de rugby e menos malandragem do futebol!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Sobre árvores


Templo de Angkor- Camboja


"Y nunca olvides que las ciudades no son sino accidentes que no prevalecerán frente a los árboles"

     Deparei-me com a frase acima, de autoria do poeta chileno Jorge Teiller, lendo uma crônica do igualmente poeta, mas paraguaio, Mário Casartelli. Foi também por meio da crônica, publicada no jornal Última Hora, que conheci uma história curta, mas muito bonita, com um título convidativo: "O homem que plantava árvores". A obra, do francês Jean Giono, narra a história de um solitário camponês e sua obstinação por plantar árvores. Os bosques, plantados com paciência e determinação pelo um simples homem, sobreviveram a duas guerras mundiais e trouxeram vida às antes desoladas paisagens.
        Por uma dessas felizes coincidências, estava eu passando pela rua perto de casa quando reparei nesta muda de ipê, lutando para se desenvolver entre o paralelepípedo e o asfalto da rua.
Muda de ipê
Na hora me veio à mente a frase de Teiller e a imagem dos templos de Angkor, no Camboja, com aquelas figueiras enormes ocupando o lugar outrora dedicado aos cultos. 
      Minha paixão pelas árvores vem desde pequeno. Tive o privilégio de crescer em um ambiente com diferentes tipos de árvore. Pude brincar de Robin Hood nos bosques de eucalipto, tive espadas fornecidas pelos guapuruvus, fui Indiana Jones nos galhos de flomboyant e construtor de traves de futebol com bambus. Isso sem contar as árvores frutíferas. Já sabíamos de cór onde podíamos comer cada fruta no bairro.
     Em frente ao quintal de casa havia um flamboyant desenhado especialmente para crianças. Seu tronco não subia para o inalcançável, mas era caprichosamente torto e baixo e nos convidava para subir como se fosse uma simples rampa. Na árvore era possível escorregar, pular nos galhos ou simplesmente ficar sentado conversando. Era ali que nos reuníamos para decidir do que íamos brincar e era dali que ouvíamos o  grito de nossas mães que o almoço esta na mesa. 
      As árvores também me fazem lembrar meu avô. Quando chegávamos em sua casa, ele queria logo que fossemos ver o terreno onde plantava de tudo um pouco. Não me esqueço do orgulho dele em nos mostrar as laranjeiras, limoeiros, bananeiras e pessegueiros produzindo. Hoje entendo melhor seu orgulho e compartilho a paixão por plantar árvores. Ainda tenho um grande caminho pela frente, mas espero compensar meu gasto de papel até o final da vida e ainda deixar um crédito verde para as próximas gerações.
       Em Brasília deixei apenas uma jabuticabeira, infelizmente. As pessoas me tachavam de chato quando eu dizia que a capital tinha poucas árvores. Devo reconhecer que era uma injúria de minha parte, pois a  cidade foi planejada para ter árvores das mais diversas espécies, para estar sempre florida. Foi um privilégio poder acompanhar por três anos os ciclos de florescimento das árvores. Eu já estava começando a decorar a ordem das floradas. Dizem que Burle Marx queria que fosse possível reconhecer a quadra pelos tipos de árvores nelas plantadas, mas como a maior parte das mudas eram exógenas, não sobreviveram a seca que atinge a cidade todos os anos. Creio que foi na década de 1970 que houve um verdadeiro desastre natural, quando centenas de árvores trazidas da mata atlântica morreram na W3 por não aguentarem as condições climáticas do cerrado.
       O motivo da minha bronca com Brasília é que há muito espaço mal aproveitado para plantar árvores, principalmente na Esplanada dos Ministérios. Não vou com a cara daquele chão batido, com cara de estacionamento. Para mim, a Esplanada seria muito mais bonita com bancos, árvores e passeios. Lembro que no documentário "A Vida é um Sopro", sobre a obra de Niemeyer, o ilustre arquiteto afirma que é besteira criticar a Praça dos Três Poderes porque nela não há árvores. Para ele, o importante é a beleza da arquitetura.
       Deixa estar, sabichão, um dia as árvores prevalecerão.



Quanta gente, quanta alegria!







Link para o livro "O Homem que plantava árvores":  http://www.ecocidio.com.br/wp-content/uploads/2010/03/Giono-Jean-O-Homem-Que-Plantava-%C3%81rvores.pdf

Link para crônica da Mario Casartelli ( http://www.ultimahora.com/notas/497790-Elogio-de-los-arboles

Adendo:
O legal de ter um blog é poder aprender coisas novas com os amigos que lêem o que você escreve.
Sobre esse texto das árvores, meu grande amigo Luiz Gustavo Givisiez disse-me que eu não precisava ter ido até o Camboja para ver as árvores prevalecendo sobre as construções e me enviou esta foto:



Segundo o Givisiez, vulgo Bacharel, trata-se das ruínas de uma igreja construída lá pelo século XVIII às margens do "Rio das Velhas", poucos quilômetros antes do encontro com o São Francisco. Fica num distrito chamado Barra do Guaicuí, no município de Várzea da Palma-MG (a 307 km de BH).

Incrível! Obrigado Bacha, grande conhecedor do Brasil, principalmente do sertão mineiro!