quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Limoncello da Villa Tevere

         Fomos almoçar na Villa Tevere, um restaurante italiano muito bom aqui de Brasília.
        Eles produzem o próprio Limoncello e eu não poderia perder a oportunidade de provar. Como bom descendente de calabrês, já conhecia a bebida de casa. 
        
O restaurante oferece uma degustação grátis após a refeição! Que beleza! A garrafa sai por R$37,00 pelo que me lembro. Vem embrulhada num pacote bem bacana e dá até para presentear alguém. O problema é que a bebida, apesar de ter uma gradação alcoólica não tão alta, com 30% se não me engano, ficou muito forte. Não dá para concentrar muito no gosto do limão porque o "arco" vem com tudo. É melhor servir bem gelado e antes das refeições. Tem um efeito bem parecido com a pinga, mas vale a pena ter em casa, até porque o visual da garrafa e da bebiba é muito legal. E quem quiser algo mais fraco que beba suco de limão!
        Eis o que diz o Wikipedia sobre a bebida: Limoncello é um licor de limão produzido originalmente no sul da Itália, especialmente na região do golfo de Nápoles, na costa Amalfitana e nas ilhas de Ischia e Capri, havendo também produção na Sicília e na Sardenha. É feito à base de limão, álcool, água e açúcar; deve ser mantido no congelador e, conseqüentemente, bebido bem gelado.
         Dá para achar algumas receitas caseiras na Internet. Alguns limoncellos são feitos de vodka, outros, de álcool de cereais, como é o caso do da Villa Tevere.




quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Nashville e o Museu da Música Country



                 A grande atração turística de Nashville é o Museu da Música Country. Alías, a cidade é considerada a capital da música nos EUA. Há também uma sede da Embraer por lá. Eis a explicação no site da empresa: Fifty percent of the nation's population is located within 700 miles of Nashville. Three major interstate highways connect Nashville to the rest of the country, providing excellent surface transportation. Nashville has nearly 400 daily flights to 86 markets. Embraer Aircraft Maintenance Services (EAMS) selected Nashville as the location for its Regional Airline Support Facility; its central USA location was a major factor. This location put EAMS within easy reach of Regional Airline operators in the Eastern and Central United States.
Acreditei nesse argumento a princípio, mas depois de conhecer a vida noturna da cidade, bem diferente das outras da região, deu para ver que há razões menos explícitas para a escolha, uma vez que caipira parece, mas não é bobo.
               O Museu é muito bom, tem uma infra-estrutura impressionante, mas não é tão emocionante para aqueles que só conhecem o Alan Jackson, como eu. Dá pra ter uma idéia da história da música, ver a influência do Elvis no desenvolvimento musical do Sul e de todo os EUA, mas acho que pra gostar realmente do museu seria interessante conhecer os personagens. Aliás, nem tem referência ao Alan Jackson no museu!
               Bom, mas na verdade o Museu da Música Country reacendeu meu grande sonho, que era ver em São Paulo um Museu do Caipira. Eu já havia pensado nisso ao visitar, na Irlanda, o Bunratty Castle, perto de Limerick. Lá há um parque que conta a história do povo do interior da Irlanda. Há reproduções de casas onde se pode entrar e conversar com os "moradores", que estão cozinhando ou aquecendo a lareira, vestidos em roupas típicas. Há também uma vila, uma escola, restaurantes, tudo o que possa remeter ao irlandês típico do interior. O lugar é ideal para ir com a família, pois as crianças, além de conhecerem melhor seu povo, podem se divertir com os vários animais que há no local.
               O Museu de Antropologia do México é outro exemplo bacana de construção da memória popular. O segundo andar do Museu também conta com reproduções do dia a dia de um mexicano do interior. É possível conhecer a história e os costumes dos habitantes de diferentes regiões do país por meio das casas e bonecos.
               Há algo parececido com no Museu do Homem Nordestino, em Recife, que também achei espetacular, apesar deser bem menor do que os outros citados aqui no tópico.
               Pois bem, o que eu queria ver erguido São Paulo seria um misto disso tudo. Algo em que as pessoas pudessem passar o dia e entrar em contato com os diversos aspectos da vida de um caipira. Desde a arte até a economia.
               Vendo o museu em Nashville fiquei imagianando como seria legal ter um espaço daquele para a música caipira brasileira, desde suas raízes até os sucessos atuais. E quando digo sucesso é sucesso mesmo, porque embora a elite intelectual torça o nariz para o gênero, arrisco-me a dizer que ele é o mais tocado no Brasil. O maior arrecadador da música nacional no ano passado foi o Victor, da dupla Victor e Leo. As rádios que dão maior audiência em São Paulo são as sertanejas.
              Um livro muito bom sobre o tema é o "Música Caipira" do José Hamilton Ribeiro. Apesar de tradicionalista, o livro me ensinou muita coisa da história da música caipira. Seria uma ótima base para o museu.
              Segue um link com uma música de Cezar e Paulinho que elucida o que aconteceu com a músca caipira nos últimos anos:
           Boboca e Bobão
Casa típica irlandesa para visitação
Funcionárias do parque cozinham café irlandês
Museu do Homem do Nordeste
Museu do Homem do Nordeste

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

No Kentucky: Jim Beam e a Kentucky Bourbon Barrel Ale

O Bourbon Jim Beam e as bolachas da Kentucky Ale

          Como me fazer assitir a dois dias de prova de hipismo sem reclamar? Deixando-me beber quantas cervejas eu quiser Além de ter realmente gostado de assitir aos Jogos Equestres Mundiais, em Lexington, no Kentucky, a cerveja foi uma surpresa à parte. No meio do parque onde ocorreram os jogos havia alguns quiosques da Kentucky Ale. Eram três as opções de chopp, tirados na hora. O duro era pagar US$7,00, mas valia a pena. O melhor dos chopps era a Kentucky Bourbon Barrel Ale. Esse nome difícil e pomposo vem do processo de fabricação da cerveja: ela é depositada por 6 semanas em barris recém utilizados na destilação dos Bourbons, como são chamados os whiskies locais. Isso deixa a cerveja com coloração e odores bem acentuados, além de realçar o sabor. A cerveja é boa pra quem gosta de cerveja forte, bem diferente das nossas por aqui. Como se pode ver na foto, mais bolachas de chopp para a coleção, especiais para os Jogos Equestres Mundiais.
O grande orgulho etílico do Kentucky é, no entanto, a produção do whiskey local, chamado de Bourbon. O nome vem do condado de Bourbon, que por sua vez é uma homagem aos franceses que apoiaram o sul na Guerra Civil Americana. Existe até uma trilha turística do bourbon, que passa pelas destilarias que se concentram ao norte do estado. Segundo o "Guia Ilustrado do Whisky", a única restrição para ser chamado de Bourbon é ter mais de 51% de mosto de milho. Ainda segundo o Guia, o solo do Kentucky é extremamente produtivo para a produção do milho, o que dá uma pista sobre o por quê da especifidade da bebida.
Nos Jogos Equestres havia uma tenda dedicada aos Bourbons. Era possível provar quatro combinações do whiskey, de diferentes marcas. Se eu não me engano, provei do Maker's Mark e do Knob Creek. Achei os dois muito fortes. Acabei comprando o Jim Beam Black. Conhecia este Bourbon porque a Jim Beam patrocinava o rugby da Poli-USP. Fazendo uma comparação do Jim Beam com o Jack Daniel's, achei o primeiro muito mais forte. Apesar da coloração e odor semelhantes, o "arco", como se diz em Piracicaba, fica muito mais pronunciado no Jim Beam. O interessente do Jim Beam é que a família trabalha na sua produção desde 1795 e hoje está na 7a geração de funcionários.



domingo, 17 de outubro de 2010

Visita à destilaria da Jack Daniel's em Lynchburg, TN

Eu e o grande Jack Daniel

Seguindo os conselhos do guia de viagem, que dava como imperdível a visita à Jack Daniel's, lá fomos nós em direção a Lynchburg, no Tennessee, estado cujo nome deve ter sido dado por um gago. Estávamos meio descrentes, achando que a visita seguiria o padrão da Guinness em Dublin e da Coca-Cola em Atlanta: pague a entrada, veja nosso museus com fotos, quinquilharias, peças publicitárias, beba um copo, compre na loja e vá embora feliz. Ainda bem que estávamos enganados.
Saindo de Nashville, andamos 1h30 e chegamos à destilaria, que fica na beira da estrada. As surpresas boas já começaram na entrada. Apesar de não entender quase nada  do que a velhinha da recepção falou, entendemos que era de graça e já ficamos muito felizes. Greaaaat Success! Esperamos uns 40 minutos para nossa vez de fazer o tour. Enquanto isso, ficamos em um pequeno museu, aprendendo sobre a história e a produção do Jack Daniel´s.
O começo do tour é numa sala de cinema, como sempre, para ver o vídeo explicativo da bebida. Mas o guia, com toda razão, falou que não precisaríamos ficar vendo vídeo e que podíamos começar logo a visita. Aí começou a surpresa, quando o guia disse que deveríamos esperar um ônibus que nos levaria para conhecer a fábrica, uma vez que o tour consistia realmente em conhecer a produção. Só não poderíamos tirar fotos da produção, sob risco de espionagem industrial. O guia foi extremamente didático, mas difícil entender tudo, principalmente as piadas né.
Vimos a produção do carvão, utilizado para filtrar o destilado, antes de entrar no barril. Como tudo na produção da Jack Daniel's, o carvão também é fabricado na destilaria, a partir da sugar-maple, aquela árvore originária de Campos do Jordão (hahahahha). Aliás, é essa filtragem pelo carvão que diferencia a produção do Whiskey do Tennessee. Ela é conhecida como Lincoln County Process, condado ao qual pertencia a cidade de Lynchburg. Durante o tour, dizem que toda a madeira é fornecida nos arredores e que foi comprovado que quanto mais alta a árvore, melhor sai o carvão. Achei meio exagerado dizer que o tamanho da árvore que vai gerar o carvão tem alguma influência no gosto da bebida. Mas o whiskey vive muito de mitos e esse foi só mais um.
Depois, fomos conhecer a gruta de onde sai a água utilizada na produção do whiskey. Como sempre, a água também é dada como diferencial. Acho que este mito que envolve a água na produção da bebida advém do fato de ser o único produto da produção que pode ser totalmente monopolizado. Você não consegue se diferenciar muito no centeio, no malte, no lúpulo, mas a água de uma reserva você pode dizer que é só sua e que ela tem algo que as outras não tem. Acontece com a Guinness e sua água das Wicklow Mountains, cujo contrato de forncecimento é de 9 mil anos (isso mesmo!), e não foi diferente na Jack Daniel's. A água também é um mito da cerveja de Ribeirão.
Voltando à visita, fomos conhecer o escritório onde Jack trabalhava. Uma casinha simples de madeira, onde aprendemos que um dos lemas da empresa é não chegar cedo no trabalho, uma vez que Jack morreu ao chegar cedo e chutar um cofre por não lembrar da senha, adquirindo um infecção que o levou à morte. Que bela filosofia! Atrás da antiga sede está a atual, um prédio não muito maior, que nos ensina o grande lema da empresa: Keep it simple! Incrível saber que o whiskey americano mais vendido no mundo tem sua sede numa casa pequena que fica numa cidade minúscula. Segundo o Atlas Mundial do Whiskey, Lynchburg é a cidade pequena mais famosa do mundo.
Depois fomos conhecer efetivamente a produção. Por ser sábado, estava tudo parado, mas nada que evitasse a diversão. Vimos o processo de fermentação, da filtragem e, por fim, o estoque de barris. Aliás, a parte dos barris foi a mais legal pra mim. Eles produzem seus próprios barris e os utilizam apenas uma vez. Segundo o guia, depois vendem os usados para a Escócia para ajudar a produção deles hahahahaha. Esta é a parte mais artesanal da produção. O barril é feito de carvalho americano e não leva um prego. A madeira é aquecida na produção e libera um pouco do seu açúcar caramelizado. Depois de colocado no barril, o whiskey permanece lá por mais ou menos 4 anos. Eles são submetidos às mudanças do tempo: quando está quente o barril expande, permitindo que o líquido penetre na madeira adquindo sabor; no inverno, o barril contrai e expele o líquido e o sabor adquirido. Por estar em uma região de clima temperado e de mudanças bruscas, a interação é intensificada. O cheiro dos barris no estoque é indescritível, dá vontade de se esconder do guia e passar o dia lá. Como dizem na visita, o whiskey não é colocado no barril: ele é confiado ao barril.
Um dos argumentos da Jack Daniel´s é que o whiskey deles não é envelhecido, e sim, amadurecido. Acho que a estratégia serve para evitar o "rótulo" de whiskey 4-6 anos, tempo que fica no barril e que é bem menor do que o dos demais whiskeys. Após este período, que pode variar, um especialista analisa se o whiskey já pode ser envazado.
Durante a visita, passa-se por um Hall da Fama. Lá estão os nomes daqueles que se dispuseram a desembolsar de 9 a 12 mil dólares para ter um barril para chamar de seu. Com esse valor, você compra um barril selecionado por um especialista, geralmente aqueles barris que ficam no alto dos estoques e sofrem mais ações do tempo, intensificando o sabor. O barril enche 240 garrafas de Single Barrel que vêm personalizadas. Você também recebe o barril em casa e ganha uma tampa com seu nome, além de ficar estampado no Hall da Fama da destilaria. A destilaria também garante o aumento do número de amigos. Os grandes compradores do Single Barrel são as organizações militares, segundo o guia. Ótimo para um casamento também né. Eles entregam no mundo inteiro.
No final, chega-se à lojinha. Aliás, ainda não contei o detalhe mais importante da visita: a Jack Daniel's fica num condado onde é proibido beber, desde a lei seca americana. Isso mesmo, a maior destilaria americana e uma das maiores do mundo fica numa região onde beber é estritamente proibido. Minha cabeça brasileira demorou para entender como uma potência econômica como é a Jack Daniel's não consegue reverter uma lei local. Acontece que Lynchburg não tem votos suficientes para reverter a lei, numa região marcada pelo fundamentalismo religioso cristão.
Mas nada que atrapalhe o passeio. No final, compramos uma garrafada do Single Barrel e uma do Gentleman Jack, que passa duas vezes pelo filtro de carvão. As garrafas vieram com um selo de que foram compradas lá.
Depois da visita à destilaria, fomos a Lynchburg. É, sem dúvida, a menor cidade a que já fui. É só uma praça, com casas em volta. Para achar onde comer foi um sacrifício. Recorremos ao hamburguer. A loja com produtos da Jack Daniel's fica lá e é bem legal. Tem tudo que se pode imaginar. Ficamos só nos copos, mas dava pra comprar coisas pra casa inteira. Vendem, inclusive, pedações de barril.
A visita à Jack Daniel's foi mais do que um passeio. Para mim, serviu para mostrar que os valores em que acredito não são utópicos. Mesmo em cidades pequenas, mantendo as coisas simples, é possível criar um dos produtos mais conhecidos no mundo. Sem stress, com eficiência, sem se levar muito a sério.

 Dá pra levar um desses pra casa a partir de 9 mil dólares

 Estão aqui os ingredientes.
 Escritório do Jack.
 Maple tree com o tronco preto, como ficam todas as árvores em volta da destilaria.
 Quem não queria trabalhar num ambiente assim?
Saindo da destilaria, com os produtos muito bem embalados...

Abaixo, Jack e a gruta de onde vem a água.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sobre o Blog

Combatendo o estereótipo diplomata/vinho/música clássica/tênis/análise de política externa, eis-me aqui, falando de caipiras/cachaças/música sertaneja/rugby/análise de coisas sem a menor importância para o mundo!