quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Livros sobre o Mar






Meu filho e o mar, em Ubatuba-SP


"Lançamos o barco. Sonhamos a viagem: quem viaja é sempre o mar"
Mia Couto


     Minha relação com o mar nunca foi das melhores. Ainda hoje, toda vez que vou para praia pela Tamoios fico pensando se não seria melhor ficar em Paraibuna, no meio das montanhas. Nascido no Vale, protegido no horizonte pelas serras do Mar e da Mantiqueira, talvez tenha sido a imensidão do oceano que me impediu de apreciá-lo, ou o fato de nunca me sentir confortável com o balanço das ondas. Essa distância da minha cultura caipira do mundo caiçara foi, no entanto, sempre permeada por um fascínio discreto pelas histórias marítimas.
      O primeiro livro sobre o mar que li, pelo que me lembro, foi Vinte Mil Leguas Submarinas, do Julio Verne. Lembro de tê-lo lido muito pequeno, quando ainda nem havia despertado em mim o gosto pela leitura. Sinal de que o livro é interessante mesmo pra quem não tem o hábito de ler. Depois, veio o clássico O Velho e o Mar, de  Ernest Hemingway, que acredito ser o livro mais conhecido sobre o mar. Ainda na faculdade, li Os Velhos Marinheiros, do Jorge Amado, que tem tudo o que se espera de um bom livro sobre histórias de marinheiros.
        Estes dias, quando fui assitir As Aventuras de Pi, me lembrei de já ter lido um livro que tinha uma história muito parecida com o filme. Pesquisando na internet, descobri que o autor literalmente copiou a idéia do livro Max e os Felinos, do Moacys Scliar.  Achei até um vídeo em que o autor comenta o ocorrido:


         Outro livro que fala de um menino sobrevivendo no mar é O Garoto no Convés, do irlandes John Boyne, mesmo autor do best-seller O Menino do Pijama Listrado. No livro, o autor reconta sua versão, na pele de um garoto tripulante, do famoso motim do navio de guerra inglês HMS Bounty, em 1789. O que acho interessante é o autor ter conteúdo para escrever páginas e mais páginas sobre uma pequena tripulação à deriva no mar.
           Meu interesse recente pelas águas do mar foi despertado pela leitura do Cem Dias entre Céu e Mar, do Amyr Klink.  Não imaginava que o livro era tão legal. No começo ficava pensando o que ele contaria dos dias remando sozinho no meio do oceano, mas a narrativa é tão envolvente que saía do trabalho querendo pegar logo o livro e me ver como ele, em meio a histórias de tubarões batendo no casco do barco, baleias curiosas, ondas gigantes e tempestades. Tudo isso é certamente muito mais interessante do que ficar sentado de terno de frente pro computador...
            Inspirado pela leitura do Cem Dias entre Céu e Mar, comprei Paratii, também do Amyr Klink, sobre sua expedição à Antártica, e dois livros que me foram recomendados: A expedição Kon- Tiki, de Thor Hayerdhal, e o A Incrivel Viagem do Shackleton, de Alfred Lansing. Agora é embarcar nessas leituras e deixar a cabeça viajar pro mar.

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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

E Deus fez o fazendeiro


 
  
"O sertanejo é, antes de tudo, um forte" 
Euclides da Cunha

      Como muitos sabem, as propagandas mais caras do mundo são veiculadas no intervalo da final do futebol americano. No último Superbowl, a Dodge Ram publicou o comercial "So God made a farmer", baseado no discurso de Paul Harvey, radialista norte-americano, sobre o que levou Deus a criar os fazendeiros. Claro que a Dodge tem entre os fazendeiros um grande público alvo, mas me chamou a atenção o fato de que uma empresa invista tanto dinheiro para também prestar uma homenagem a um trabalhador que, no Brasil, nem sempre é reconhecido como merece. Como me disse meu colega Diego, é sinal de uma sociedade evoluída valorizar os trabalhadores do campo. 
     Infelizmente, em algumas partes do Brasil, ainda prevalece imagem distorcida do trabalhador rural, ora o Jeca Tatu de pouca instrução dos textos de Monteiro Lobato, ora o demônio capitalista latifundiário do agronegócio. Entre um e outro extremo existe uma infinidade de famílias que retiram seu sustento da terra e que ajudam nosso país a ser um gigante da agricultura e pecuária.
     Certa vez, quando fui visitar um alambique em Caçapava, da pinga Campeã do Vale, ouvi do produtor a queixa de que o produto da roça nunca é valorizado como o da cidade. Quantas pessoas pechincham na feira pra economizar R$0,20 no alface plantado e colhido a duras penas pelo pequeno produtor rural mas não se preocupam em pagar caro numa bolsa de marca porque é chique? Por isso creio que iniciativas como a da Dodge são importantes para dar o devido valor àqueles homens do campo e à sua produção.
      Ai está a linda homenagem prestada pela Dodge Ram aos fazendeiros, com uma tradução livre que fiz do texto "So God made a farmer":




"E Deus fez o fazendeiro" Paul Harvey

       "E no oitavo dia, Deus olhou para baixo sobre seu paraíso planejado e disse: "Eu preciso de um caseiro." Então Deus fez um fazendeiro.

    
Deus disse: "Eu preciso de alguém disposto a levantar-se antes do amanhecer, ordenhar vacas, trabalhar o dia todo no campo, ordenhar vacas de novo, jantar e depois ir para a cidade e ficar até depois da meia-noite em uma reunião da diretoria da escola." Então Deus fez um fazendeiro.

    
"Eu preciso de alguém com braços fortes o suficiente para retirar um bezerro nascendo, mas ainda suaves o suficiente para fazer o parto do seu próprio neto. Alguém para chamar os porcos, domesticar máquinas rabugentas, chegar em casa com fome e ter de esperar o almoço até que sua esposa alimente as visitas, e dizer a elas para voltar em breve - e realmente querer isso."  Então Deus fez um fazendeiro.

    
Deus disse: "Eu preciso de alguém disposto a sentar-se a noite toda com um potro recém-nascido. E vê-lo morrer. Em seguida, secar os olhos e dizer: 'Talvez no próximo ano." Eu preciso de alguém que possa dar forma a um machado com uma muda de caqui, ferrar um cavalo com um pedaço de pneu de carro, que possa fazer arreios no descontrole, encher sacos e restos de sapato. E alguém que,  na época de plantio e colheita, termine suas 40 horas semanais de trabalho ao meio-dia da terça-feira e então, sofrendo com dores nas costas pelo trator, inicie outras setenta e duas horas de trabalho." Então Deus fez um fazendeiro.

    
Deus tinha que ter alguém disposto a andar nos sulcos a toda velocidade para buscar o feno antes das nuvens de chuva e ainda assim parar no meio do campo e correr para ajudar quando visse os primeiros sinais de fumaça saindo da casa de um vizinho. Então Deus fez um fazendeiro.

    
Deus disse: "Eu preciso de alguém forte o suficiente para cortar árvores e abrir caminhos, mas suave o suficiente para domar cordeiros, desmamar porcos e cuidar dos franguinhos rosados, e que pare seu cortador de grama por uma hora para colocar uma tala na perna quebrada de uma cotovia do campo. Tinha que ser alguém que iria arar profundamente e reto, sem cortar cantos. Alguém para semear, capinar, alimentar, criar animais, revolver a terra, e arar, e plantar, e tosquiar, e coar o leite, e reabastecer a cocheira, e terminar a dura semana de trabalho com uma viagem de cinco milhas à igreja.

    
"Alguém que una a família em conjunto com laços fortes e macios de partilha, que ria e, em seguida, suspire, e depois responda, com olhos sorridentes, quando seu filho disser que quer passar a vida "fazendo o que o pai faz."  Então Deus fez um fazendeiro.