segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

De bicicleta para o trabalho

         
 
           Ir de bicicleta para o trabalho era um desejo antigo. Eu sou uma das pessoas que mais odeia trânsito e direção, mas isso não havia se traduzido em abandonar o carro em casa e pegar a bici para ir trabalhar. Tenho acompanhado o aumento da cultura da bicicleta em Assunção e adoro passear com ela nos finais de semana por aqui, mas foi o meu carro batido o empurrão que faltava para pela primeira vez ir pedalando pro trabalho.
             Os argumentos contra a bicicleta no trânsito são conhecidos, mas é possível rebatê-los com um pouco de boa vontade:
           1- O trânsito é perigoso para bicicletas
           Lógico que a frase é verdadeira e, por isso, o jeito é ir por ruas menos movimentadas e ter atenção redobrada nos cruzamentos. Minha estratégia é pensar que todo motorista é um maluco em potencial e que, por mais que desejemos igualdade no trânsito, dificilmente a bicicleta será respeitada como um carro. Não acho que adianta peitar, tem que se cuidar a cada esquina.
           2- Vou demorar mais pra chegar
            Foram exatos 15 minutos de casa pro trabalho na ida e 20 na volta. Agora preciso marcar com o carro, mas creio que não será muito diferente. Foram 4,7 quilômetros rodados. Com a bike de corrida pude pegar mais velocidade e mais vento, mas com a mountain bike pude pular obstáculos e isso compensou a velocidade menor.
           3- Vou chegar suando e fedido
            Essa era a grande preocupação que eu tinha, uma vez que a cidade é muito quente nesta época do ano e não há chuveiro na Embaixada. Saí um pouco mais cedo pra não pegar tanto sol e fui surpreendido positivamente pela capacidade do vento em não me deixar suar. Só suei mesmo na cabeça e nas costas, por causa do capacete e da mochila. Tomei um banho de gato no banheiro e pronto, resolvido.
            4- Eu trabalho de terno, não dá pra ir de bicicleta
            Vim pedalando com uma roupa esporte leve e coloquei o terno na mochila com cuidado para não amassar. O chato é arrumar a mochila e prestar atenção para não esquecer nenhum item do vestuário, pois a opção de voltar pra buscar é meio cruel. No segundo dia havia esquecido de por a gravata e voltei duas quadras para buscar. No terceiro, me distrai e quase pus o paletó descombinando com a calça. Também procurei chegar antes do Chefe, para não ser visto desfilando de bermuda no trabalho.
Minha bike na minha garagem. Dá pra ter ideia de quanto espaço um carro ocupa pra levar a mesma pessoa.
   Os argumentos contra são conhecidos, mas só mesmo andando de bicicleta para se lembrar dos elementos positivos.
        1- A sensação de fazer algo diferente
         Eu tenho a impressão de que nada é tão mecânico na nossa vida como a ida pro trabalho de carro. É a hora do dia que nosso piloto automático está no nível máximo. Poderíamos dirigir de olho fechado até. Quantas vezes já errei o caminho quando tinha um evento de manhã porque saí dirigindo automaticamente pra Embaixada! Ir trabalhar de bicicleta rompe com esse marasmo de um jeito muito divertido, que me remeteu às sensações de novidade da infância.
         2- A alegria de pedalar
         Bicicleta para mim lembra lazer e infância. Crescemos pedalando em momentos de alegria e diversão. É sempre em passeios ciclisticos, em parques, na praia, com a família e os amigos. Por mais que tenha usado a bici dessa vez como locomoção pro trabalho, a alegria se manteve presente. Vi esta charge e ela representa muito o que é dirigir x pedalar na cidade: 

    No trajeto,  dei oi para a vizinha e conversamos um pouco (no carro seria só uma buzinadinha né), passei pelo parque e gritei para o professor de tênis, que respondeu alegremente ao meu bom dia! Isso sem contar o aceno dos outros ciclistas, que se alegram de ver alguém na mesma aventura cotidiana. Esses simples e rápidos encontros têm o poder de animar e alegrar o dia. De carro, o máximo que conseguimos é ver através dos vidros o motorista ao lado tirando meleca do nariz enquanto espera o sinal abrir.
     3- Economiza dinheiro
     Foram economizados R$25 por dia em táxi só de ida pro trabalho, o equivalente a uns três livros legais que pude comprar na semana.
     4- Fiz exercícios.
     Essa é a parte mais óbvia e a que me deixou mais feliz, pois deu pra notar uma melhora, ainda que pouca, no meu ritmo de pedalada.
   Espero que essa minha fase de amor pela bike permaneça mesmo quando o carro voltar da oficina!

MInha amada bicicleta



Minhas duas paixões!
            

3 comentários:

  1. Paulo, na verdade essa última foto são seus 3 amores? Filho, SJC e bici? rs..

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  2. Adorei as dicas, principalmente a derrubada dos mitos!

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  3. Muito bom! Eu também adoro bikes Paulo Cezar! Vamos fazer uma campanha para mais ciclovias em São José dos Campos? Abraço. Rita.

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