Meu filho e o mar, em Ubatuba-SP |
"Lançamos o barco. Sonhamos a viagem: quem viaja é sempre o mar"
Mia Couto
Minha relação com o mar nunca foi das melhores. Ainda hoje, toda vez que vou para praia pela Tamoios fico pensando se não seria melhor ficar em Paraibuna, no meio das montanhas. Nascido no Vale, protegido no horizonte pelas serras do Mar e da Mantiqueira, talvez tenha sido a imensidão do oceano que me impediu de apreciá-lo, ou o fato de nunca me sentir confortável com o balanço das ondas. Essa distância da minha cultura caipira do mundo caiçara foi, no entanto, sempre permeada por um fascínio discreto pelas histórias marítimas.
O primeiro livro sobre o mar que li, pelo que me lembro, foi Vinte Mil Leguas Submarinas, do Julio Verne.
Lembro de tê-lo lido muito pequeno, quando ainda nem havia despertado em
mim o gosto pela leitura. Sinal de que o livro é interessante mesmo pra
quem não tem o hábito de ler. Depois, veio o clássico O Velho e o Mar,
de Ernest Hemingway, que acredito ser o livro mais conhecido sobre o mar. Ainda na faculdade, li Os Velhos Marinheiros, do Jorge Amado, que tem tudo o que se espera de um bom livro sobre histórias de marinheiros.
Estes dias, quando fui assitir As Aventuras de Pi, me lembrei de já ter lido um livro que tinha uma história muito parecida com o filme. Pesquisando na internet, descobri que o autor literalmente copiou a idéia do livro Max e os Felinos, do Moacys Scliar. Achei até um vídeo em que o autor comenta o ocorrido:
Outro livro que fala de um menino sobrevivendo no mar é O Garoto no Convés, do irlandes John Boyne, mesmo autor do best-seller O Menino do Pijama Listrado. No livro, o autor reconta sua versão, na pele de um garoto tripulante, do famoso motim do navio de guerra inglês HMS Bounty, em 1789. O que acho interessante é o autor ter conteúdo para escrever páginas e mais páginas sobre uma pequena tripulação à deriva no mar.
Meu interesse recente pelas águas do mar foi despertado pela leitura do Cem Dias entre Céu e Mar, do Amyr Klink. Não imaginava que o livro era tão legal. No começo ficava pensando o que ele contaria dos dias remando sozinho no meio do oceano, mas a narrativa é tão envolvente que saía do trabalho querendo pegar logo o livro e me ver como ele, em meio a histórias de tubarões batendo no casco do barco, baleias curiosas, ondas gigantes e tempestades. Tudo isso é certamente muito mais interessante do que ficar sentado de terno de frente pro computador...
Inspirado pela leitura do Cem Dias entre Céu e Mar, comprei Paratii, também do Amyr Klink, sobre sua expedição à Antártica, e dois livros que me foram recomendados: A expedição Kon- Tiki, de Thor Hayerdhal, e o A Incrivel Viagem do Shackleton, de Alfred Lansing. Agora é embarcar nessas leituras e deixar a cabeça viajar pro mar.