"Moda bem tocada é aquela que desperta em nós uma saudade que a gente nem sabe do quê"
Abaeté Renato Andrade
A frase do violeiro Abaeté Andrade, citada no livro "Música Caipira", do jornalista José Hamilton Ribeiro, explica muito do meu fascínio pelas músicas paraguaias cantadas em guarani. Apesar de não entender quase nada da letra, elas sempre me despertaram uma saudade, pois me pareceram, desde o princípio, muito similares às músicas caipiras de raiz que desde pequeno ouvia com meu avô.
Apesar de não ser um especialista em música e só saber tocar campainha, me arrisco a dizer que o sucesso do nosso sertanejo pode ter origens em músicas "made in Paraguay".
Segundo o livro de José Hamilton Ribeiro (meu repórter preferido do Globo Rural!), a nossa música caipira tem origens nas tradições dos cancioneiros ibéricos. Foi por meio dos jesuítas que penetrou em nosso território, como forma de catequizar os indígenas. Assim se passou também no Paraguai. Com temática e instrumentos em comum, nos dois territórios o elemento ibérico fundiu-se com a cultura indígena produzindo músicas que acredito serem muito similares.
Além dessa similaridade mais antiga, muitas músicas que acreditamos serem grandes sucessos caipiras do Brasil tiveram sua origem no Paraguai. São traduções de guarânias e polcas, ritmos típicos daqui, que influenciaram vários artistas brasileiros na segunda fase do desenvolvimento da música caipira, pós-Segunda Guerra. O marco da entrada das guarânias na canção popular brasileira foi o disco de Cascatinha e Inhana, na década de 1950, com os sucessos paraguaios "India" e "Meu primeiro amor". Foi o disco caipira de maior vendagem até então, tornando-se grande influência para a geração seguinte. Eis aqui a dupla cantando música caipira "made in Paraguay":
Segundo o livro de José Hamilton Ribeiro (meu repórter preferido do Globo Rural!), a nossa música caipira tem origens nas tradições dos cancioneiros ibéricos. Foi por meio dos jesuítas que penetrou em nosso território, como forma de catequizar os indígenas. Assim se passou também no Paraguai. Com temática e instrumentos em comum, nos dois territórios o elemento ibérico fundiu-se com a cultura indígena produzindo músicas que acredito serem muito similares.
Além dessa similaridade mais antiga, muitas músicas que acreditamos serem grandes sucessos caipiras do Brasil tiveram sua origem no Paraguai. São traduções de guarânias e polcas, ritmos típicos daqui, que influenciaram vários artistas brasileiros na segunda fase do desenvolvimento da música caipira, pós-Segunda Guerra. O marco da entrada das guarânias na canção popular brasileira foi o disco de Cascatinha e Inhana, na década de 1950, com os sucessos paraguaios "India" e "Meu primeiro amor". Foi o disco caipira de maior vendagem até então, tornando-se grande influência para a geração seguinte. Eis aqui a dupla cantando música caipira "made in Paraguay":
O verbete da wikipedia sobre
guarânias traz um tópico sobre as músicas brasileiras cantadas nesse
ritmo. Até o clássico "Fio de Cabelo" encontra-se lá:
- Águas Passadas - Fafá de Belém e Zezé Di Camargo & Luciano
- Índia - Cascatinha & Inhana
- Liberdade - Roberta Miranda
- Pé de Milho - Leandro & Leonardo
- Fio de cabelo - Chitãozinho & Xororó
- A última vez - Zezé Di Camargo & Luciano
- Planeta Azul - Chitãozinho & Xororó
- Flor de Lama - Milionário & José Rico
- Meu Primeiro Amor - Perla
- Telefone Mudo - Trio Parada Dura
- Dama de Vermelho - Trio Parada Dura
- Pra ter o seu amor - Jorge e Mateus
Para finalizar a seção de guarânias em português, aqui vai minha seleção preferida, cantada por Bruno e Marrone, e a guarânia "Saudade", de autoria do ex-Embaixador brasileiro em Assunção, Mário Palmério:
A música paraguaia mais famosa no
Brasil não é uma guarânia, mas sim uma polca paraguaia (na verdade, a guarânia é uma derivação da polca, que é mais acelerada). Estou falando de "Galopeira", primeiro sucesso de Chitãozinho
e Xororó, a dupla que levou o sertanejo ao grande público no Brasil.
Apesar do sucesso das grandes duplas sertanejas anteriores a eles, creio
que Ch & X foram, nos anos 1990, responsáveis pelo surgimento de um
público urbano para a música caipira. Abriram caminho para Leandro e
Leonardo, Zezé de Camargo e Luciano e todos os outros que vieram e
estabeleceram o sertanejo como um dos principais gêneros musicais do
país.
Eis o original de Ch & X de Galopeira (nome de uma dançarina típica daqui), de autoria do paraguaio Mauricio Cardoso Ocampo:
- Ela fez minha cabeça - Chitãozinho & Xororó
- Dizem que sou velho - Chitãozinho & Xororó
- Alma Fronteira - Milionário e José Rico
- Segredo Atroz - Milionário e José Rico
- Fechei meu coração para balanço - Milionário e José Rico
- Galopeira - Chitãozinho & Xororó
- Coração de Pedra - Milionário e José Rico
- Vá Pro Inferno Com Seu Amor - Milionário e José Rico
- Hoje Eu Topo Tudo O Que Vier - Zezé Di Camargo & Luciano
No último show de Zezé di Camargo e Luciano em Assunção houve uma parte dedicada apenas a essas músicas, com participação de um grupo local. Zezé enfatizou a importância que as guarânias e polcas tiveram na sua infância musical. Já ouvi de várias pessoas que a música paraguaia era bem presente no Brasil em décadas anteriores. Uma pena que tenhamos ficado tão bitolados nas músicas em inglês e esquecemos de apreciar a beleza musical dos vizinhos.
Hoje o Paraguai é um grande consumidor de nossas músicas sertanejas, cujo sucesso devemos, em muito, aos próprios paraguaios e sua contribuição cultural.
Para quem quiser saber mais, eis um estudo interessante sobre a influência musical paraguaia no Mato Grosso do Sul:
Hoje o Paraguai é um grande consumidor de nossas músicas sertanejas, cujo sucesso devemos, em muito, aos próprios paraguaios e sua contribuição cultural.
Para quem quiser saber mais, eis um estudo interessante sobre a influência musical paraguaia no Mato Grosso do Sul: